segunda-feira, 19 de outubro de 2015
segunda-feira, 5 de outubro de 2015
Dia 10 de Outubro de 2015
Cantigas ao Serão
No âmbito do estudo, divulgação e valorização do património imaterial tradicional, vai esta associação levar a efeito mais uma iniciativa subordinada ao tema "Cantigas ao Serão". Para tal, conta apresentar um repertório melódico e poético inédito, bem expressivo da identidade gloriana. Como forma de enriquecer o programa, está prevista também a colaboração do Rancho Folclórico do Bairro de Santarém, numa mostra da sensibilidade do bairro ribatejano.
Tendo em conta o interesse da atividade esta é a oportunidade de conhecer esta área menos divulgada, mas, culturalmente, muito rica.
quarta-feira, 1 de julho de 2015
sexta-feira, 13 de março de 2015
terça-feira, 10 de março de 2015
quinta-feira, 8 de janeiro de 2015
Lenços dos Namorados
Prendas
de Namorados
De entre os hábitos caraterísticos que se podiam observar
nos glorianos, há alguns que, pela sua singularidade, merecem ser estudados e
divulgados. É o caso das prendas que os namorados trocavam entre si, como forma
simbólica de selar o seu compromisso. A época a que nos referimos (finais do
século XIX, até às décadas de 60, 70 do século XX) pode parecer demasiado
recente, mas, se tivermos em conta a lenta evolução que esta sociedade sofreu
até há pouco tempo, apercebemo-nos de que a influência da industrialização,
nesta altura, em determinadas áreas da vida, era mínima e, por conseguinte,
esses costumes permaneceram inalteráveis, desde tempos mais remotos.
Assim, no momento em que se consideravam “um para o
outro”, a rapariga confecionava um conjunto de peças de uso “vulgar” com que
brindava o namorado: o taleigo do farnel, a bolsa do relógio, a carteira, a
charteira, o lenço de assoar e os lenços para usar no traje. O curioso é que
estas peças de vulgar nada tinham. Qualquer uma delas era extraordinariamente
embelezada com motivos a ponto de cruz, como, por exemplo, coroas (o pinto, a
coroa dos corações, a coroa das estrelas, etc.), ramos (da sobreira torta, das
bonecas, das pombas, etc.), o navio, cercaduras, estrelas e letras que
representavam as iniciais dos nomes dele e dela, bem como as dos “camaradas” de
ambos. Os motivos mais antigos marcavam-se a duas cores – azul e encarnado ou
verde e encarnado. Mais tarde, a partir da década de 40, verifica-se algum
progresso em relação às cores e aos motivos. Desta época, existem muitos
exemplares, marcados a cor-de-rosa e verde, cor-de-rosa e azul, cor-de-laranja
e cor-de- lírio, amarelo e cor-de-rosa, etc. Já surgem rosas, cravos, cravinas
e muitas iniciais, artisticamente combinadas. Nesta altura, estes lencinhos são
tão profusamente decorados, que quase não resta pano em branco.
Quando e como eram usados?
O “lenço de assoar” andava escondido e usava-se todos os
dias. Os de usar no traje eram cuidadosamente dobrados em quatro pontas ou em
forma de coração, evidenciando os biquinhos que rematavam a borda do lenço e
usavam-se à frente, na cinta ou nos bolsos. Semelhantes eram os das raparigas,
usados, principalmente, ao domingo, também na cinta ou na cintura, ligeiramente
à esquerda ou à direita.
Resta referir o lencinho “à pacha”, usado no dia de ir
“às sortes”. Este era um lencinho mais pequeno, também dobrado em quatro pontas
e colocado no bolso esquerdo do colete, por baixo da bolsa de relógio.
Normalmente, os motivos eram marcados a dois fios, o que tornava a peça mais
preciosa. Este pormenor era bastante significativo, pois, quanto mais prendada
fosse a rapariga, (e isso examinava-se pelos seus dotes de costura) mais
merecedora seria do namorado e da sua família.
Em contrapartida, o rapaz oferecia também, à rapariga,
pequenas prendas. Bastava uma “navalhinha bonita” para fazer a felicidade dela.
Mas havia muitos rapazes que faziam questão que a sua namorada evidenciasse, de
forma bastante expressiva, a sua ligação. Desse modo, ela recebia várias
alianças de prata, cravadas de pedrinhas às cores que, no conjunto, produziam
um certo efeito exibicionista. Alguns ofereciam também peças em ouro (um anel,
uma pregadeira).
Mais tarde, e mostrando também as suas habilidades de
artesão, ele confeccionava, pacientemente, algumas miniaturas (cestinhas,
cadeirinhas, bolotas), feitas de pau de murtinheira, (com a ajuda de uma
simples navalha), que ela usava ao peito, fazendo conjunto com um raminho de
manjerico e a pequena moldura com o retrato dele.
Estes motivos talvez possuíssem, em si, algum simbolismo,
já que eram sempre estes e não outros. Provavelmente, seriam uma espécie de
promessa de futura vida conjugal, pois a cesta e a cadeira são objetos
domésticos, de uso quotidiano, e a bolota é símbolo de alimento.
Texto: Rita Cachulo Pote
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