É aqui que se encaixa a história
do ti Manel Bonitinho. Nasceu na Glória, também em Dezembro, “no dia 27, uma
quarta feira, ó pantar da mannhã, assim dizia a minha mãe”. Não é uma figura
célebre como Alves Redol, mas está ainda entre nós (faz 100 anos) para nos
deliciar com as histórias que também encantaram o autor. O ti Manel Bonitinho,
homem de fraca estatura, deve a sua alcunha ao facto de, em jovem, ser um belo
rapaz, como atestam as fotografias. A sua estatura em nada corresponde ao
grande homem que efetivamente foi. Cingeleiro de profissão, viveu todas as
agruras de um tempo difícil, numa terra dura e pedregosa, sempre a reclamar
pela charrua. Hoje, com 100 anos, ainda vive em sua casa (assistido obviamente
pela família), mas não foi há muitos anos que deixou de ir de bicicleta, da
Glória a Salvaterra, tratar dos seus próprios assuntos, nas Finanças ou em
qualquer outro lugar. De memória prodigiosa, recorda muito mais facilmente os
tempos de seus avós do que propriamente a vida dos filhos pequenos (talvez
porque a natureza humana nos preserve do sofrimento e em seu lugar faz vir ao
de cima o tempo de outros afetos). Mostrou-se um extraordinário colaborador e
grande conversador, na altura em que nos fizemos ao caminho para a produção de Glória, Cem Anos a Preto e Branco, pois
foram muitas as histórias que nos contou, as dúvidas que esclareceu e vieram de
sua casa algumas das fotografias presentes na obra. sábado, 17 de dezembro de 2011
É aqui que se encaixa a história
do ti Manel Bonitinho. Nasceu na Glória, também em Dezembro, “no dia 27, uma
quarta feira, ó pantar da mannhã, assim dizia a minha mãe”. Não é uma figura
célebre como Alves Redol, mas está ainda entre nós (faz 100 anos) para nos
deliciar com as histórias que também encantaram o autor. O ti Manel Bonitinho,
homem de fraca estatura, deve a sua alcunha ao facto de, em jovem, ser um belo
rapaz, como atestam as fotografias. A sua estatura em nada corresponde ao
grande homem que efetivamente foi. Cingeleiro de profissão, viveu todas as
agruras de um tempo difícil, numa terra dura e pedregosa, sempre a reclamar
pela charrua. Hoje, com 100 anos, ainda vive em sua casa (assistido obviamente
pela família), mas não foi há muitos anos que deixou de ir de bicicleta, da
Glória a Salvaterra, tratar dos seus próprios assuntos, nas Finanças ou em
qualquer outro lugar. De memória prodigiosa, recorda muito mais facilmente os
tempos de seus avós do que propriamente a vida dos filhos pequenos (talvez
porque a natureza humana nos preserve do sofrimento e em seu lugar faz vir ao
de cima o tempo de outros afetos). Mostrou-se um extraordinário colaborador e
grande conversador, na altura em que nos fizemos ao caminho para a produção de Glória, Cem Anos a Preto e Branco, pois
foram muitas as histórias que nos contou, as dúvidas que esclareceu e vieram de
sua casa algumas das fotografias presentes na obra. segunda-feira, 27 de junho de 2011
36º Festival de Folclore de Glória do Ribatejo

No próximo dia 2 de Julho, Glória do Ribatejo estará em festa. O motivo prende-se com um programa que dá voz às tradições glorianas, as quais, pela sua singularidade, têm merecido da parte da Associação Rancho Folclórico da Casa do Povo de Glória do Ribatejo um longo e aturado trabalho de pesquisa, estudo, preservação e divulgação.
O Festival de Folclore de Glória do Ribatejo que, este ano, já conta com a 36ª edição é uma das formas mais interessantes de divulgar essas características sui generis. Trata-se de um programa que não se limita ao traje, canto e dança, mas a todo um conjunto de outros elementos que espelham a identidade da terra. Abordando um tema diferente todos os anos, desta vez, as atenções viram-se para a fotografia a preto e branco, a partir da qual se desenrolará o evento.
Como sempre, a população é envolvida na programação, pelo que se espera um cortejo com muito interesse, bem como um público assistente em número bastante considerável.
segunda-feira, 30 de maio de 2011
Glória - Cem Anos a Preto e Branco

Trata-se de um trabalho de pesquisa que contempla cerca de 300 fotos identificadas, comentadas e datadas. As imagens respeitam a um período temporal que atravessa todo o século XX e a primeira década deste século, em que podemos observar um conjunto de pormenores elucidativos da vida gloriana, como hábitos e costumes, trajes, ambiências, arquitectura, etc. Esta edição contém ainda um conjunto de textos sobre temáticas diversas, ditadas pela própria fotografia, que se constituem como mais um contributo para o conhecimento da história local e da região.
Dado o interesse público do projecto, o mesmo é apoiado pela Junta de Freguesia de Glória do Ribatejo e Câmara Municipal de Salvaterra de Magos.
quinta-feira, 12 de maio de 2011
Folclore
Folclore é um género de cultura de origem popular, constituído pelos costumes e tradições populares transmitidos de geração em geração. Todos os povos possuem suas tradições, crendices e superstições, que se transmitem através de lendas, contos, provérbios, canções, danças, artesanato, jogos, religiosidade, brincadeiras infantis, mitos, idiomas e dialetos característicos, adivinhações, festas e outras atividades culturais que nasceram e se desenvolveram com o povo.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
terça-feira, 5 de abril de 2011
segunda-feira, 4 de abril de 2011
O Casamento
Um facto aparentemente tão simples como a prática do serviço religioso com alguma regularidade, na capela da Glória, arrasta consigo uma série de alterações. As deslocações a Muge já não são necessárias (só o faz quem quer), poupando-se tempo e esforços, que revertem a favor da festa de casamento. Pegam em moda, nesta altura, outros rituais que passam a constituir motivo de grande espectacularidade para toda a comunidade. A festa começa cedo com o “mata-bicho”. Há bolos secos (pão-de-ló, bolo branco, bolo de erva-doce) e arroz-doce duro, pão, conduto, vinho e bebidas finas, que tinham sido oferecidas pelos convidados – homens. A esta hora os convidados estão quase todos reunidos, em casa do noivo, pois segue-se um cerimonial que consiste em ir buscar a noiva a casa da madrinha. Segue, então, de casa do noivo, um cortejo, em que cada um ocupa uma posição pré-estabelecida: à frente, em lugar de destaque e em pose autoritária, vai o pai de cada um dos nubentes. Logo atrás, os padrinhos que ladeiam o noivo.
De seguida, o tocador e os convidados. A concertina entoava uma marcha que animava de diferentes maneiras quem a ouvia: uns emocionavam-se, outros começavam aí a sentir a euforia do divertimento, mas uma das suas funções mais importantes era o anunciar que havia casamento. Ao ouvir a concertina, toda a gente corria para ver passar o cortejo – homens, mulheres e crianças. Estas iam sempre atrás. Chegando-se a casa da madrinha da noiva, onde esta aguardava, na companhia dos seus padrinhos, mãe e alguns convidados da sua parte, encaminhavam-se para a igreja. Os pais continuavam à frente, seguidos pela noiva, ao meio dos seus padrinhos e, atrás de si, o noivo, na mesma posição. As mães não tinham lugar determinado. A maior parte das vezes, ficavam em casa a tomar providências. O casamento fazia-se de manhã e, de regresso, os noivos já vinham ao lado um do outro, acompanhados pelos respectivos padrinhos. Os pais, sempre à frente. À saída da igreja,(ao som do toque eufórico do sino), três ou quatro convidadas atiravam amêndoas para quem, de fora, estava a ver o casamento. Mulheres, cachopas e rapazes, ao desafio, apanhavam-nas do chão, a ver quem fazia o regaço maior.
Ao Domingo, ou seja, no segundo dia de casamento, depois do almoço, fazia-se a “entrega da noiva”. De novo, em grande cortejo, a concertina a tocar, os noivos à frente, ia ver-se o sítio onde os noivos iam passar a viver. Aí, os convidados faziam fila e ordenadamente davam os parabéns aos noivos, pais e padrinhos, que se dispunham também em posições definidas. A noiva partia o bolo e oferecia aos convidados que retribuíam com uma oferta em dinheiro. As mulheres, neste momento, já não ofereciam nada, visto que o farto farnel, oferecido na semana anterior ao casamento, constituía a sua comparticipação. A “entrega da noiva” durava até à tardinha, depois de se ter realizado um animado bailarico. Umas horas antes da “entrega da noiva”, duas convidadas (por norma, raparigas), uma de cada parte, levavam à cabeça, pela rua, desde o local da boda até ao da “entrega”, o bolo da noiva e o bolo do noivo, em cestos de verga, descobertos, para que toda a gente os pudesse admirar. Os bolos, enfeitados e grandes, eram uma espécie de símbolos, colocados sobre a mesa, no lugar ocupado pelos noivos. Antes da ceia, quer no primeiro, quer no segundo dia, os homens tinham de libertar o espaço, para que as mulheres pudessem “fazer o serviço”. Assim, andavam de taberna em taberna, com o tocador e, aí, alguém pagava vinho e cigarros, de que todos se serviam. A noiva já evidenciava, nesta altura, alguns prenúncios de modernismo, no seu trajar. A saia, ainda pregueada, já só tapa os joelhos e o lenço da cabeça, em vez de amarelo garrido, verde ou cor-de-laranja, como anteriormente, passa a ser branco ou cor-de-limão, mas ainda de cachené. Nos pés, uns sapatinhos de “polimenta” (verniz). O cordão, as pregadeiras, os brincos “rabo-de-colher” rematam a compostura. Do fato do noivo, em termos tradicionais, já só se evidencia a camisa. Este deixa também de usar chapéu. A casa da boda era enfeitada com balões de papel, como os usados nas festas religiosas anuais. A década de 60 implanta, definitivamente, modas novas, em termos de vestuário, principalmente. No final da década, o fato da noiva, ainda de cor, de preferência, azul ou cor-de-grão, e de tecido fino (seda, tafetá, crepe ou sarjado) era composto por saia rodada, curta, e blusa da mesma cor. A saia já não era pregueada, a blusa justinha substituía o casaco e, na cabeça, uma mantilha branca. O noivo adopta as modas dos anos 60. Na transição dos anos 60 para os anos 70, o branco passa a ser a cor preferida para o fato da noiva, mas, ainda assim, é composto por duas peças (saia rodada, curta, e blusa). A noiva passa a ir à cabeleireira, não para cortar o cabelo, mas para elaborar um enorme carrapito, donde pendia o véu, até à altura da saia. Meias de vidro e sapatos ao gosto da época completavam o aspecto. Este foi o último fato de carácter etnográfico. Mas, se por um lado, em termos de aparência física, as tradições vão sendo substituídas pelas novidades, por outro, a festa do casamento ganha cada vez mais peso, à medida que o tempo avança e, nos finais dos anos 60, os casamentos passam a durar três e quatro dias, num entusiasmo ininterrupto. A “entrega da noiva” faz-se, agora, na maior parte dos casos, em casa da madrinha. Todos os convencionalismos que se desenham nos anos 50 ganham, nesta altura, uma solidez que parecia inabalável, de tal modo que o casamento de “fulana” ou “beltrana” era lembrado, durante muito tempo, nos trabalhos ou nas conversas domésticas. Comia-se, bebia-se, brincava-se e balhava-se, sem conta nem medida. Os dias eram “tirados” para isso e havia em quase todos os casamentos uma espécie de convidados certos que garantiam a animosidade do festim. O que acaba de descrever-se é apenas uma síntese que toca alguns dos aspectos peculiares do casamento tradicional, na Glória, ao longo dos tempos. Em jeito de conclusão, devemos também mencionar que não são raras, da parte de algumas informadoras, as exclamações: “o meu casamento não foi nada” ou “eu não tive casamento”. Estas devem-se ao facto de não se ter realizado a boda. Tal circunstância podia resultar de vários factores, como, por exemplo, a falta de posses ou uma situação de desgosto (luto ou outra) que tivesse marcado a família. Nos anos 80, surge a moda do restaurante e esfumam-se, assim, no tempo, hábitos, costumes e rituais, com toda uma carga simbólica, representativa de uma sociedade que durante muito tempo preferiu definir e respeitar as suas próprias regras, em função das circunstâncias, e de um modo de sentir muito sui generis. quarta-feira, 9 de março de 2011
Estatuto de Pessoa Colectiva de Utilidade Pública
Esse reconhecimento traduziu-se na atribuição do Estatuto de Utilidade Pública, no passado dia 1 de Março, conforme se pode ler no diploma publicado no Diário da República.
A Associação encara esta atribuição com muita satisfação, mas reconhece de igual modo que este estatuto lhe exige responsabilidades acrescidas, em que todos os associados têm a sua quota de responsabilidade na resposta a essa exigência.
Despacho_3881_2011_0103_DUP_Rancho
quarta-feira, 2 de março de 2011
Participação do Rancho Folclórico da Casa do Povo de Glória do Ribatejo no programa, Companhia das Manhãs, na SIC
A participação consistiu na recriação de um fandango de taberna e na apresentação de algum do artesanato da Glória.
O fandango de taberna era associado como um jogo, disputado entre os homens e ganhava aquele que fosse o mais criativo na execução dos passos.
Quanto ao artesanato, pode-se observar a singularidade dos trajes glorianos, destacando-se, na conversa, os lenços dos amores e as tocas dos bebés.
Todos os trajes, tanto o da mulher, como o dos homens e também das crianças, assim como de todo o enxoval, eram confeccionados pelas mãos das mulheres glorianas, que, numa época de escassos recursos, faziam dos trapinhos, verdadeiras obras de arte.
Com esta participação, o Rancho Folclórico da Casa do Povo de Glória do Ribatejo sente que enriqueceu o programa televisivo e contribuiu, uma vez mais, com aquilo que é a sua principal missão - a salvaguarda e divulgação das tradições da nossa Glória.
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
No Mosteiro dos Jerónimos
Foi assim que no passado dia 27 de Janeiro, o grupo se deslocou ao Mosteiro dos Jerónimos, a fim de corresponder à solicitação da Associação para a Defesa do Património AHP- Aldeias Históricas de Portugal - de se tornar sócio patrono da mesma associação, a qual conta com a participação de algumas figuras ilustres do meio académico português.
O programa consistiu na reconstituição do casamento à moda da Glória, onde não faltaram os trajes característicos da ocasião, o ritual das amêndoas atiradas ao ar, o arroz doce e duas ou três modas do folclore gloriano. A originalidade do nosso modo de ser foi bastante apreciado (e fotografado) e estamos certos de que demos mais um pequeno passo para a valorização do património imaterial da Glória, que poderá ser uma forma de potenciar a terra em prol dos seus habitantes.